<$BlogRSDUrl$>

mundo
Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é o mistério de todas as coisas

Federico García Lorca

Sendo este um BLOG DE MARÉS, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
junho 30, 2005

III Encontro d'A Funda São:

diversão - diversidade - divertimento

No próximo sábado, dia 02 de Julho, ocorrerá o III Encontro d’A Funda São.

Desta vez, o cenário será Carcavelos, terra airosa e prazenteira que, cheia de bonomia, já viu arrastões do Tenreiro e arrastões da Cova da Moura, ambos dedicados à faina da pesca. Nada especioso, pois, que vá para lá um bando de erotizados exercer o seu direito (adquirido, claro, que não há almoços grátis) de arrasto também pelo magnífico areal…

Este III Encontro terá lugar no restaurante Estrela do Mar e dos convivas se esperará o habitual: boa disposição, camaradagem, linguagem desbragada e heterodoxia de conceitos.

Haverá espumantes de origens desvairadas e chamuças para enlevo de horas tardias junto ao mar.

Em singela homenagem integrada em tão sublime evento, será apresentado por este humilde servidor das coisas públicas e de uma ou outra coisa privada o livrinho de cordel, “Odes No Brejo E Alguns Pecados” (ed. Apenas Livros, Lda.), opúsculo poético, constituído por 30 odes que, na sua maioria, viram pela primeira vez a luz em alegre colaboração com aquele depravado blog.

E, assim, acontece…


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:53


junho 28, 2005

Ismael Serrano, conhecem?...

Certo dia, há vários anos atrás, apercebi num canal qualquer de tv dedicado à música uma canção em castelhano, com uma rara simbiose de música e letra, que me caiu, de imediato, no goto. Consegui anotar o nome do intérprete... e foi tudo quanto apurei dela, que nunca mais a ouvi.
Percorri mil e um estabelecimentos à procura daquele nome. E nada!
Vários anos depois, numa passagem por Andorra, recordei o nome e resolvi procurá-la. E encontrei-a. Não tem importância nenhuma... É apenas uma daquelas coisas de que a vida é feita.
Para os meus amigos, para as amáveis visitas, aquela que ficou sendo uma das canções da minha vida:


de Ismael Serrano, Papá, Cuéntame otra vez - álbum Atrapados en Azul

Papá cuéntame otra vez
ese cuento tan bonito
de gendarmes y fascistas
y estudiantes con flequillo

Y dulce guerrilla urbana
en pantalones de campana
y canciones de los Rolling
y niñas en minifalda

Papá cuéntame otra vez
todo lo que os divertísteis
estropeando la vejez
a oxidados dictadores

Y como cantaste al vent
y ocupasteis la Sorbona
en aquel mayo francés
en los días de vino y rosas

Papá cuéntame otra vez
esa historia tan bonita
de aquel guerrillero loco
que mataron en Bolivia

Y cuyo fusil ya nadie
se atrevió a tomar de nuevo
y como desde aquel día
todo parece más feo

Papá cuéntame otra vez
que tras tanta barricada
y tras tanto puño en alto
y tanta sangre derramada

Al final de la partida
no pudísteis hacer nada
y bajo los adoquines
no había arena de playa

Fue muy dura la derrota
todo lo que se soñaba
se pudrió en los rincones
se cubrió de telarañas

Y ya nadie canta al vent
ya no hay locos ya no hay parias
pero tiene que llover
aún sigue sucia la plaza

Queda lejos aquel mayo
queda lejos Saint Denis
que lejos queda Jean Paul Sartre
muy lejos aquel París

Sin embargo a veces pienso
que al final todo dio igual
las ostias siguen cayendo
sobre quien habla de más

Y siguen los mismos muertos
podridos de crueldad
Ahora mueren en Bosnia
los que morían en Vietnam
ahora mueren en Bosnia
los que morían en Vietnam
ahora mueren en Bosnia
los que morían en Vietnam

Nota 1 - se trocarmos a Bósnia pelo Iraque, nem se dá pelo passar do tempo...

Nota 2 - O álbum Atrapados en Azul é, na minha modesta opinião, todo ele excelente. Procurem-no e digam-me, de vossa justiça.

Nota 3 - Melancólica, a canção? Nem por isso. "Pero tiene que llover, aún sigue sucia la plaza..."



Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:51


junho 26, 2005

Urbanismos II

nada mais que notas soltas num sorriso me perturbe
voos cruzados nas voltas de alguém perdido na urbe
na cidade que não sabe da sede por trás da sebe
que sobe p’la rua acima – tanta a fome quanta a sede

tantos nomes quantos homens nos quadrados da calçada
triangulam na alvorada
sequiosos de outras fomes
temerosos de outros medos
ciosos de enredos de anto
a disfarçar tons de pranto criando novos degredos

dá-me luz
dá-me essa aurora
de ser vivo nesta hora que demora a cá chegar
dá-me alento que rebento
nesta espera-desespero
de querer ir
e só chegar.


- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 19:02


junho 24, 2005

de Luís Viveiros, "Fagulhas" (ed. Instituto Piaget)

Hoje (ontem, portanto, pois foi a 23 de Junho), por Oeiras, outro poeta,
este madeirense, recordou-nos ser Portugal um país de tantos poetas.

No Espaço dos Sentidos,
o amigo Luís Viveiros lançou-nos as suas "Fagulhas",
aonde eu fui buscar o seu

MAR

Dizias que não mas é ainda o
mesmo mar que te recebe pelo
Natal quando regressas à ilha
A mesma vertigem a mesma
carne de azul escuro ainda o
mesmo abraço que pode matar
E já passaram muitos anos


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 00:50


junho 22, 2005

Legado

tenho apenas estas mãos
vês?

tenho apenas destes passos
os caminhos
que já nem me sobram no tempo
nem são ninhos
tenho apenas esta dor apaziguada
tenho o nada
quase tudo construído
ao rés da água
calosidades de mágoa
que me sobram do regato
em que me vês
e deslaço
o pretérito embaraço de ser tudo e quase nada
e assim sou

por onde vou
por onde passo
de nada sou
mas sou tudo quanto faço
sou o espaço
onde se cria este tempo
este passo que define a vida toda
porque eu sou
‘inda que morra
e deixo de mim o espaço
que tu virás
e trarás no regaço a vida toda

e eu ta darei
‘inda viva
‘inda que doa
com estas mãos que apenas tenho
vês?
onde trago de meus pais a vida toda.

- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 01:30


junho 20, 2005

A lei do menor esforço e a liderança

Há uma lei na Biologia, que aprendi com o Félix Rodriguez de la Fuente - há tanto tempo que já nem me lembro… - chamada a lei do menor esforço, a qual, sendo coisa muito séria e científica, quando chamada à colação, em Portugal, tende a ser levada à guisa de chalaça… Mas não é!

Não sendo eu, nem de perto, biólogo ou sequer mero aprendiz de feiticeiro na disciplina, julgo no entanto não proferir dislate bárbaro se enunciar essa lei, altamente respeitável, da seguinte forma: na Natureza tudo procura ou tende a alcançar um fim determinado (e determinante) com o menor dispêndio de energia possível.

No fundo, algo que nos é muito caro e de onde resulta tudo ficar, afinal, muito mais barato.

Entretanto, não passa dia sem que vejamos, na terra lusa, os nossos (des)governantes ou, até, meros pseudo-fabricantes de opinião a tornarem complexo até ao limite do absurdo os mais claros e elementares problemas de governação, criando então cornucópias de problemas irreversíveis e irremediáveis com a sua falta de destreza ou incapacidade de justo equilíbrio. Em resumo, passamos a vida a reinventar a roda e a discutir a quadratura do círculo, em redor do sexo dos anjos…

Veja-se esta recente bacorada com a greve dos professores, sem entrar em grandes minudências. Conseguiu-se, de uma assentada:

1. Revoltar ainda mais os já legitimamente revoltados professores, aumentando a adesão à greve;

2. Privar a imensa maioria dos alunos de uma semana inteira de aulas, apesar dos atrasos já verificados no início do ano lectivo com a célebre trapalhada das colocações, ainda por cima invocando o "superior interesse dos alunos"... (A propósito, então e as colocações de professores para o próximo ano, estarão esquecidas?);

3. Provar à saciedade que, no imbróglio da esgrima argumentativa, das duas, três: ou mente a senhora ministra, ou mentem os sindicatos, ou mentem ambos, sendo que nenhuma das opções tranquilizará o comum dos cidadãos;

4. Ouvir de um eminente representante dos pais – seja lá isso o que for… - dizer que os exames serão, para alunos e professores, “o culminar” de um ano lectivo inteiro, quando todos sabemos que os exames em questão só pesam 25% na nota final e que é suposto que o culminar de qualquer ano lectivo seja a apreensão de conhecimentos e a preparação para a vida… Pelos vistos, os representantes dos pais a que temos direito, não pensam assim, o que é uma pena.



Quando iniciei este “post” predispus-me a desenvolver um verdadeiro ensaio sobre a matéria. Mas, pensando bem, é melhor não, pois tudo isto é muito cansativo.

Porque é que a malta não faz uma excursão até à Suiça – este foi um exemplo que me ocorreu, assim de repente - estuda o(s) modelo(s) lá existente(s), paga os direitos inerentes e importa os processos? Já viram o trabalho e as canseiras que pouparíamos?

Perda de identidade? Nem pensem nisso! A malta vai até ali acima à Galiza e importa os conteúdos, submete-os à apreciação correctiva da Opus Dei, da Maçonaria, do Belmiro de Azevedo e da comunidade da Cova da Moura, que são as forças vivas da nação… e, depois, é só avançar no sentido de um Portugal europeu cumò caraças!...

Fiquem bem e não se fatiguem muito.


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:58


junho 17, 2005

A porra toda...

... é que por mais que a mulher de César se emboneque, cada vez mais faz questão de parecer uma grande puta, para além daquilo que a sua virtude muito bem lhe recomende e guie, portas adentro.

E, no fundo, é só por estas coisas todas que eu, aquela espécie degenerada de "trabalhador por conta de outrém", não encaixo no bestunto tudo aquilo que vou pasmando de ouvir, à nossa volta. Vejam só:

- Vem o referendo sobre a Constituição Europeia e arrepelam os cabelos, em alta grita por que se não se vota o SIM, já não há Europa. Mas o que a malta devia votar não erá SÓ sobre esta Constituição que, agora, os tais que antes gritavam, já se preparam, afinal, para mudar a correr?... E a Europa ainda aí está... pelo menos, hoje de manhã estava, que eu vi.

- Vem o Vítor Constâncio e diz que a previsão do déficit, para 2005, é de 6,83%. Nem 84, nem 82! 83 e mainada, com grande certeza no contar!... O Sócrates, acolitado pelo Coelho e pelo Campos e Cunha, arregaça as mangas e vá de aumentar os impostos, numa medida altamente inovadora e original, apoiado na muleta do desgraçado déficit "herdado".

- Vem a Manela, personagem acima de qualquer suspeita, e diz-nos que o Constâncio é fixe, mas divulgar assim o déficit é que foi uma aldrabice, porque uma previsão não é uma certeza e os impostos lixam-nos relativamente aos espanhóis e o poder de compra diminui e a economia afunda-se mais e... enfim, não se sai desta porra...

- Vem o João Talone arremelgar-se todo com o Mercado Ibérico da energia, com tudo que é parvo e ministro a passar a vida a dizer-nos que o nosso mal é a energia estar na mão de um monopólio... quando esse monopólio sempre esteve e ainda está, mesmo com as cosméticas das privatizações da tanga, na mão do Estado. Ora, se é o Estado o dono, o jogador e o árbitro, a porra do preço da energia não é definida por causas e efeitos de mercado mas por razões políticas que a razão desconhece, tal como acontece com a gasolina, o gás, etc.... Ou não?

Estou confuso, porque ainda hoje ouvi um representante dos empresários portugueses a dizer que o Mercado Europeu é que tem de ser e o Mercado Ibérico não faz sentido... Então, o que é que aquela malta anda para lá a fazer há uma data de anos?

- Vem o Sócrates, mais o Cunha e Silva, mais uma catrefa deles e diz que as reformas auferidas por altos cargadores (que são os que desempenham altos cargos) são legítimas, porque eles, coitados, trabalharam seis dias (ou seis meses, ou seis anos...) num poleiro qualquer... Mesmo que estivéssemos todos de acordo, o que não se entende é porque é que o tal reformado, coitado, não vai bugiar para as Seychelles e continua por cá a entupir o orçamento de Estado, ao activinho da Silva - na vedadeira acepção do nome - acumulando, também legitimamente, claro, uma pipa de massa das diversas funções, passadas, actuais, putativas, presuntivas e outras mais...

- Vem o Constâncio (outra vez, que ele aparece que se farta...) e, já esclarecido pela Manela o susto do déficit previsível - que o transforma assim a modos de um bruxo de novo tipo - e com as medidas do Sócrates já de velas desfraldadas, leia-se, portanto, "crise controlada", vai de adquirir uma frota nova com cerca de 60 belos e caros carritos para o Banco de Portugal, que esta vida é uma pressa.

- Vem o "arrasto" em Carcavelos e o ameaço na Quarteira e o roubo descarado nos comboios da linha de Sintra e andam para aí uns xenófobos da treta a dizer que tem que se acabar com isto, que é uma pouca vergonha... e os operadores turísticos ficam preocupados porque estas notícias são divulgadas pela BBC, em Inglaterra.

Também não percebo... Então os rapazes não estão a copiar, à pequena escala da Cova da Moura e, porventura, com maior justificação, o que vêem fazer aos sucessivos governantes dos sucessivos governos e respectivas clientelas e com a mesma impunidade?

- Vêm os trabalhadores da administração pública chateados, entre outras coisas, com o aumento do tempo de idade para a reforma, quando o Sócrates, o Constâncio, o Belmiro e uma data de inteligentes e opinativos tinham acabado de dizer que é preciso diminuir o peso dos excedentários na função pública... Afinal, se estão excedentários, porque é que têm de ficar assim durante mais uns anos? Será para os castigar de uma vida de calaceirice? Estou confuso...

- Por fim - que isto vai longo, não se chega a conclusão nenhuma e a malta não tem pachorra para estas merdas - vêm os taxistas, queixosos porque a bandeirada aumentou... E ELES ATÉ NEM QUERIAM, pois assim o governo está a estragar-lhes ainda mais o negócio, que já anda pelas ruas da amargura!!!... Então, se eles que mexem na bandeira não querem, a bandeirada aumenta porquê?

Mas, afinal, que porra é esta em que andamos todos atascados?


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 18:31


junho 16, 2005

de Mia Couto, in "Pensatempos" (ed. Caminho)

"A maior desgraça de uma nação pobre é que,
em vez de produzir riqueza,
produz ricos."

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 10:02


junho 14, 2005

sabedorias (poema bilingue - mirandês e pertués)

bibir en boca de lhobo
é uivo
quedar en rastro de lhiêbre
é caça
sentir filo de nabalha
é sangue
mercar las cuntas de bida
é fome
frenar la risa de l tiêmpo
é morte
preziar l aire desnudo
é vida
peinar l plaino camino
é obra
dourar l berde planalto
é sonho
bondar ser Fraga de l Puio
é sorte
sonar la gaita de fuôlhes
é festa
beilar al son de l pingacho
é grito
pintar la boç pelingrina
é vento
sonhar ser fuôlha de l’arble
é jogo
tamién ser águila en bolo
errante

al fin quisera ser tudo
não pude

al fin bolber a ser home
inteiro

sei mais
mas bou cansadico de l die
sei mais
que num te-lo you digo.

- Jorge Castro




Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 20:00


junho 13, 2005

os divergentes - a morte saiu à rua num dia assim...

Hoje, morreu Eugénio de Andrade.


Hoje, morreu Álvaro Cunhal.


Dois homens. Dois seres humanos. Duas faces claras da vida.

Dois olhares argutos para o mundo.
Duas intransigentes vontades.


Duas mentes claras. Dois exemplos de vida.

Dois exemplos maiores
de que a nossa vida se faz hoje e é feita para o dia de hoje.

Dois caminhos gravados, indeléveis, a fogo no nosso imaginário colectivo.

Hoje morreram dois portugueses.

A nós, sobreviventes, a obrigação da memória e o dever do testemunho.


poisou uma mariposa num canteiro de palavras
tinha rosas tinha cravos
tinha agrestes malmequeres
tinha até ódios
horrores
mas tinha tantos amores em cada bater das asas
que voou de flor em flor
e na terra ressequida
de cada flor brotou água.


- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 15:15


junho 11, 2005

Arraial e Quermesse

Anda daí meu amigo
Vamos
Vem daí comigo
Belo o tempo e fresca a noite e o arraial que apetece
Entre cerveja e moelas e o brinde da quermesse
Que sai sempre e acontece no estralejar do foguete
Com as donzelas mais belas do bairro porque anoitece
Ali bem junto ao terreiro
E vês o padre
O engenheiro
A velha Maria tia daquele senhor presidente
Da Junta de Freguesia
Arroz doce que arrefece junto ao Joaquim que não esquece
A frescura da Maria
Que num dia de frescura dançou um tango com ele
Quase até junto à loucura
Mas fugiu na noite escura cheia de medo
Parece
Porque ouviu a sua prece junto ao ouvido em rosário
Que ao seu corpo lhe apetece o que à vizinhança enfada
E agora nem valeu nada ter feito tudo ao contrário
Do que a vida lhe pedia
Coitada e triste Maria
Nessa vida de fadário que dia a dia envelhece

Grita no palco o cantor ais de amar e ais de dor
E ais de todas as cores
E ele há até doutores que no arraial são senhores
De dar pezinho de dança
Qu’inda a noite é uma criança e quem não gosta de amores?

Sai dose de caracóis e a sardinha da abastança
Com sangria em contradança e muito alho no prego
Pago p’ra ver as velhotas
Senhoras do merceeiro
Que juntas vão ao terreiro dar sua graça na dança
Ventre com ventre que a pança
Do Zé do talho já cansa de se erguer nas pernas tortas

E lá voam mais foguetes
Enquanto a Amélia pedia dois bilhetes na quermesse
Que sai sempre e acontece rifar o lenço de seda
- P’lo menos daqui parece…
O tanto que lhe apetece ter a seda junto ao seio
Que no decote aparece
E que o António num anseio lhe comprou na doce crença
De se juntar nesse enleio de seda feito e de esperança
Roda a roleta e acorda
Do namoro que promete a ilusão que dormia
Saiu tapete de corda
Porque a sorte deu no sete
E a seda o oito pedia

Só por um valeu a pena
Pois sorte que por um perde
Não é má sorte é promessa de que essa roda da sorte
Pode ser bem que aconteça
Noutra volta dar o verde naquela esperança de seda

Senhor João não demore
A trazer essas bifanas
Bem passadas nas passadas que o João lá faz no trote
Das passadas amputadas que lhe calharam em sorte
Toc-toc no sobrado
Levou-lhe a vida um bocado
Diz ele em duas risadas a escarnecer da morte

E no terreiro o enredo noutro pezinho de dança
Um que dança contra o medo
Um velho a fingir criança
Um novo que a vida alcança com a extensão do braço
Apertando contra o peito o desejo num abraço

Belo o tempo e fresca a noite
Anda daí meu amigo
Vem comigo que apetece
Ir de noite sem abrigo ver a vida que se afoite
No arraial
Na quermesse…

- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 10:50


junho 06, 2005

Quadras em jeito de provérbios pós-modernos... e, talvez, não só!

- ... a culpa não é minha, ouviram? Ele é a rádio, a televisão, o diabo a sete!...
Não há maneira de se ter sossego!

bem pregava frei Tomás
mão à frente e mão atrás
olhai bem para o qu'ele diz
ide pr'além do que ele faz

tenho cá com muito afinco
safar-me desta maleita
qu'um home aos sessenta e cinco
tarde ou nunca s'endireita

devolver agora é que é
como a boca de outras eras
eu... de volvo e tu a pé
vou andando enquanto esperas

dás-me um não em querendo sim
dás-me um sim ao empurrão
ficamos assim-assim
europeus ou talvez não

António há p'las'Óropas
temos na ONU um António
já tivemos outro - o Botas...
ah Antónios d'um demónio!
e de Antónios e Marias
lá vai vivendo o povinho
quando a fome traz azias
vale-lhe um Santo Antoninho

somos no mundo os maiores
sempre à frente na loucura
com tanto cimento às cores
morreremos de fartura
pois se o come o construtor
e ao autarca dá sustento
vá de viver na maior
c'o a malta a comer cimento

já fomos povo alegrete
fomos jardim mal plantado
agora tudo é um frete
e o Jardim um mal-criado!


... pois, façam lá Vocelências um esforçozinho para,
ainda assim,
serem felizes, que isto das tristezas não paga dívidas,
ainda para mais com IVA a 21%!

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 19:52


junho 04, 2005

Feira do Livro


Já divulgados, aí pela comunidade fora, não é demais reservar-lhes, aqui também, um espaço por mérito, afinidades e - porque não? - cumplicidades, em sugestão de leitura urgente.

Dois ilustríssimos autores: Luís Ene, com Mil E Uma Pequenas Histórias, e Paulo Proença de Moura, com Persuacção - o que não se aprende nos cursos de gestão, provam que há mais vida para além dos blogs e surpreendem-nos sendo prova de que os blogs têm vida para dar e vender.

Aqui ficam as sugestões, em qualquer boa livraria perto de si... ou através dos respectivos blogs, (aos quais nem vou fazer "lincagem" pois, nesta altura, qualquer artista do meio saberá bem de quem se está a falar).

- Luís Ene - Mil E Uma Pequenas Histórias, onde "cada pequena história encerra um segredo que não se contém nas palavras que a formam", segundo o autor
Edição de Leiturascom.net (editor@pauloquerido.com);

- Paulo Proença de Moura - Persuacção, "s.f. forma particular de persuasão tendo uma determinada acção como fim último", como nos diz o autor
Edição de Edições Sílabo, Lda. (silabo@silabo.pt)


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 11:19


junho 02, 2005

eheheh... não consegui resistir a esta...

Já não há ovelhas tresmalhadas no rebanho do Senhor
porque agora temos um Pastor alemão.


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 10:44


Arquivo:
janeiro 2004 fevereiro 2004 março 2004 abril 2004 maio 2004 junho 2004 julho 2004 agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 abril 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009 setembro 2009 outubro 2009 novembro 2009 dezembro 2009 janeiro 2010 fevereiro 2010 março 2010 abril 2010 maio 2010 junho 2010 julho 2010 agosto 2010 setembro 2010 outubro 2010 novembro 2010 dezembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011 março 2011 abril 2011 maio 2011 junho 2011 julho 2011 agosto 2011 setembro 2011 outubro 2011 novembro 2011 dezembro 2011 janeiro 2012 fevereiro 2012 março 2012 abril 2012 maio 2012 junho 2012 julho 2012 agosto 2012 setembro 2012 outubro 2012 novembro 2012 dezembro 2012 janeiro 2013 fevereiro 2013 março 2013 abril 2013 maio 2013 junho 2013 julho 2013 agosto 2013 setembro 2013 outubro 2013 novembro 2013 dezembro 2013 janeiro 2014 fevereiro 2014 março 2014 abril 2014 maio 2014 junho 2014 julho 2014 agosto 2014 setembro 2014 outubro 2014 novembro 2014 dezembro 2014 janeiro 2015 fevereiro 2015 março 2015 abril 2015 maio 2015 junho 2015 julho 2015 agosto 2015 setembro 2015 outubro 2015 novembro 2015 dezembro 2015 janeiro 2016 fevereiro 2016 março 2016 abril 2016 maio 2016 junho 2016 julho 2016 agosto 2016 setembro 2016 outubro 2016 novembro 2016 dezembro 2016 janeiro 2017 fevereiro 2017 março 2017 abril 2017 maio 2017 junho 2017 julho 2017 agosto 2017 setembro 2017 outubro 2017 novembro 2017

This page is powered by Blogger. Isn't yours?Weblog Commenting by HaloScan.com



noites com poemas 2


capa do livro Farândola do Solstício
Obras publicadas
por Jorge Castro

contacto: jc.orca@gmail.com

Autor em

logo Apenas

Colaborador de

logo IELT

Freezone

logo Ler Devagar


Correntes de referência:
80 Anos de Zeca
... Até ao fim do mundo!
Aventar
Encontro de Gerações (Rafael)
É sobre o Fado (João Vasco)
Conversas do Café Grilo
Espaço e Memória - Associação Cultural de Oeiras
Final Cut - o blogue de cinema da Visão
Oeiras Local
O MOSCARDO
Poema Dia
Profundezas

Correntes de proximidade:
A Funda São
Amorizade (Jacky)
A Música das Palavras (Jaime Latino Ferreira)
Anomalias (Morfeu)
Ars Integrata
Ars Litteraria
Ars Poetica 2U
As Causas da Júlia (Júlia Coutinho)
As Minhas Romãs(Paula Raposo)
Belgavista (Pessoana)
Blogimmas
Blogotinha
Bloguices
Câimbras Mentais (AnAndrade)
Carlos Peres Feio
chez maria (maria árvore)
Coisas do Gui
deevaagaar
Divulgar Oeiras Verde (Ana Patacho)
e dixit (Edite Gil)
Fotos de Dionísio Leitão
Garganta do Silêncio (Tiago Moita)
Isabel Gouveia
Itinerário (Márcia Maia)
Metamorfases
Mudança de Ventos (Márcia Maia)
Mystic's
Nau Catrineta
Notas e Comentários (José d'Encarnação)
Novelos de Silêncio (Eli)
Pedro Laranjeira
o estado das artes
Palavras como cerejas (Eduardo Martins)
Parágrafos Inacabados (Raquel Vasconcelos)
O meu sofá amarelo (Alex Gandum)
Persuacção - o blog (Paulo Moura)
Queridas Bibliotecas (José Fanha)
Raims's blog
Relógio de Pêndulo (Herético)
Risocordeluz (Risoleta)
Rui Zink versos livros
Repensando (sei lá...)
sombrasdemim (Clarinda Galante)
Tábua de Marés (Márcia Maia)
Valquírias (Francília Pinheiro)
Vida de Vidro
WebClub (Wind)

Correntes de Ver:
desenhos do dia (João Catarino)
Esboço a Vários Traços

Correntes Auspiciosas:
ABC dos Miúdos
Manifesto-me
Netescrita
Provérbios

Correntes Favoráveis
A P(h)oda das Árvores Ornamentais
Atento (Manuel Gomes)
A Paixão do Cinema
A Razão Tem Sempre Cliente
A Verdade da Mentira
Bettips
Blog do Cagalhoum
Cadeira do Poder
CoeXist (Golfinho)
Congeminações
Crónica De Uma Boa Malandra
Desabafos - Casos Reais
Diário De Um Pintelho
Editorial
Escape da vida...
Espectacológica
Eu e os outros...
Eu sei que vou te amar
Fundação ACPPD
Grilinha
Há vida em Markl
Hammer, SA
Horas Negras
Intervalos (sei lá...)
João Tilly
Lobices
Luminescências
Murcon (de JMVaz)
Nada Ao Acaso
NimbyPolis (Nilson)
O Blog do Alex
O Bosque da Robina
O Jumento
(O Vento Lá Fora)
Outsider (Annie Hall)
Prozacland
O Souselense
O Vizinho
Palavras em Férias
Pastel de Nata (Nuno)
Peciscas
Pelos olhos de Caterina
Primeira Experiência
Publicus
Puta De Vida... Ou Nem Tanto
Santa Cita
The Braganzzzza Mothers
Titas on line
Titas on line 3
Senda Doce
TheOldMan
Traduzir-se... Será Arte?
Um pouco de tudo (Claudia)
Ventosga (João Veiga)
Voz Oblíqua (Rakel)
Zero de Conduta
Zurugoa (bandido original)

Corrente de Escritas:
A Arquitectura das Palavras (Lupus Signatus)
Além de mim (Dulce)
Ana Luar
Anukis
Arde o Azul (Maat)
Ao Longe Os Barcos De Flores (Amélia Pais)
Babushka (Friedrich)
baby lónia
Branco e Preto II (Amita)
Biscates (Circe)
blue shell
Cartas Perdidas (Alexandre Sousa)
Chez Maria (Maria Árvore)
Claque Quente
2 Dedos de Prosa e Poesia
Escarpado (Eagle)
Erotismo na Cidade
Fôlego de um homem (Fernando Tavares)
Há mais marés
Humores (Daniel Aladiah)
Insónia (Henrique Fialho)
Klepsidra (Augusto Dias)
Letras por Letras
Lua de Lobos
Lus@arte (Luí­sa)
Mandalas Poemas
Menina Marota
Novos Voos (Yardbird)
O Eco Das Palavras (Paula Raposo)
Porosidade Etérea (Inês Ramos)
O Sí­tio Do Poema (Licínia Quitério)
Odisseus
Paixão pelo Mar (Sailor Girl)
Palavras de Ursa (Margarida V.)
Palavrejando (M.P.)
Poemas E Estórias De Querer Sonhar
Poesia Portuguesa
Poetizar3 (Alexandre Beanes)
Serena Lua (Aziluth)
Sombrasdemim (Maria Clarinda)
Sopa de Nabos (Firmino Mendes)
T. 4 You (Afrodite)
Uma Cigarra Na Paisagem (Gisela Cañamero)
Xanax (Susanagar)

A Poesia Nos Blogs - equipagem:
A luz do voo (Maria do Céu Costa)
A Páginas Tantas (Raquel)
ante & post
As Causas da Júlia
Cí­rculo de Poesia
Confessionário do Dilbert
Desfolhada (Betty)
Estranhos Dias e Corpo do Delito (TMara)
Extranumerário (GNM)
Fantasias (Teresa David)
Fata Morgana... ou o claro obscuro
Jorge Moreira
MisteriousSpirit (Sofia)
Passionatta (Sandra Feliciano)
Peças soltas de um puzzle
Poemas de Trazer por Casa e Outras Estórias - Parte III
Poesia Viva (Isabel e José António)
Poeta Salutor (J.T. Parreira)
Que bem cheira a maresia (Mar Revolto-Lina)
Sais Minerais (Alexandre)
Silver Soul
Sombra do Deserto (Rui)

Navegações com olhos de ver:
Em linha recta (lmatta)
Fotoescrita
gang00's PhotoBlog
Nitrogénio
Objectiva 3
Pontos-de-Vista
Rain-Maker
O blog da Pimentinha (M.P.)
Passo a Passo
Portfólio Fotográfico (Lia)
Words (Wind)

Já navegámos juntos...
Aliciante (Mad)
A Rádio em Portugal (Jorge G. Silva)
Atalhos e Atilhos
Cu bem bom
Encandescente
Geosapiens
Incomensurável
Isso Agora...
Letras com Garfos (Orlando)
Luz & Sombra
Pandora's Box
Pés Quentinhos
Praça da República em Beja (nikonman)
SirHaiva
Testar a vida
Tuna Meliches

Correntes de Consulta:
Abrupto
A Lâmpada Mágica
Aviz
Blogopédia...
Bloguítica
Contra a Corrente
Contra a Corrente
Conversas de Merda
Cravo e Canela
Do Portugal Profundo
Inépcia
Médico explica medicina a intelectuais
Oficina das Ideias
Portugal No Seu Pior
Professorices
República Digital
Retórica e Persuasão
Ser Português (Ter Que)
You've Got Mail

Correntes interrompidas:
A Nau Catrineta (zecadanau)
Aroma de Mulher (Analluar)
A Voz do Fado!
blog d'apontamentos (Luí­s Ene)
Catedral (ognid)
Cidadão do Mundo
Conversas de Xaxa 2
CORART - Associação de Artesanato de Coruche
Cumplicidades (Maria Branco)
Flecha
Fraternidades (Fernando B.)
Ilha dos Mutuns(Batista Filho)
Histórias do mundo (Clara e Miguel)
Lazuli (Fernanda Guadalupe)
luz.de.tecto (o5elemento)
Letras ao Acaso
Madrigal - blog de poesia
Mulher dos 50 aos 60 (Lique)
O Mirmidão
O soldadinho de chumbo
Palavras de Algodão (Cris)
podiamsermais (Carlos Feio)
Poemas de Manuel Filipe
Porquinho da Índia (Bertus)
Um Conto à Quinta
Xis Temas (António San)

noites com poemas