<$BlogRSDUrl$>

mundo
Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é o mistério de todas as coisas

Federico García Lorca

Sendo este um BLOG DE MARÉS, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
novembro 30, 2004

Ai, amores...

Camões e Dinamene

Camões traz Dinamene pela mão
Doce e constante como a desdita em sua vida
Não a quis com’às outras
Qui-la sua
Benigna e paciente como um cão
Como graça que um dos seus olhos não viu
Como um amor todo ele sede de virtudes
Era a paz que ele buscava há já mil anos
E que o mar lhe arrebatou num grave instante
Decorrido no breve espaço das ondas
Que do amor só lhe trouxeram desenganos.


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 01:14


novembro 29, 2004

Ai, amores...

(Darei início, com este poema, a uma mão-cheia de pequenas reflexões muito pessoais acerca de alguns "amores paradigmáticos", reflexões essas que irei lançando, em simultâneo mas diversas, nos Poemas de Trazer por Casa... Claro que, enquanto reflexões pessoais assumidas, o autor aceita o contraditório...)

Cyrano e Roxanne

Se Cyrano não tivesse aquele nariz
De afugentar do céu as nuvens vespertinas
Talvez não o amasse nem na morte a sua Roxanne
Que por fim dele se enlevou
Rendida e triste
Pelas palavras que só daquele nariz fluíam

Não o tivesse ele e morreria
Sem amor
Sem nariz
Sem poesia


- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 01:03


novembro 25, 2004

O paraíso do outsourcing

Vivemos num país escancarado às inovações. Tanto, mas tão pelintras - benzam-nos os deuses das coisas pequenas - que os exemplos colhidos na estranja, quando repercutidos cá no burgo, dão os resultados mais descabelados. Permitam-me que partilhe convosco um exemplo, que sofri recentemente:

Numa remodelação necessária da minha cozinha, dirigi-me à conceituada empresa que “in illo tempore” ma tinha instalado e solicitei orçamento para a aplicação de um forno e placa encastradas, com design do móvel de suporte similar ao do restante equipamento então fornecido.

Até aqui, tudo bem. Orçamento efectuado, aprovado e 40% do valor proposto liquidado para andamento da obra. Apenas um pequeno senão: actualmente a instalação está a cargo de um outsourcing...

Começa o calvário:

Três meses depois (isto é 2 meses depois do prazo por ela mesma contratualizado), contactada a empresa por total ausência de notícias, fui informado de que o trabalho estaria pronto para entrega, só que a “outra” empresa que procedia à instalação estava sem pessoal... e... portanto... que tivesse muita paciência... e tal;

Passados cerca de 15 dias, contactam-me, aprazando unilateralmente para uma sexta-feira, pelas 8h30 da manhã, para a execução do serviço... e tinha de ser nesse dia (útil) porque, senão, não sabiam quando poderia voltar a ser;

Pelas 10h30 do dia aprazado, já tendo abdicado de um dia de preciosas férias, e sem que ninguém aparecesse, contacto o fornecedor, o qual pedindo algumas desculpas a destempo, me informa que afinal a tal empresa decidira efectuar primeiramente uma instalação em Lisboa e só apareceria da parte da tarde. Nessa manhã eu já desmarcara uma consulta de Estomatologia que me levara 3 meses a marcar... mas paciência!

Pelas 15h30, chega uma camioneta à minha porta que descarrega o material... e vai à sua vida;

Pelas 16h00, com os caixotes à frente da porta e já com ameaças apocalípticas minhas, chegam dois “jeitosos” - penso que não eram profissionais habilitados, mas sim dois elementos dessa nova classe profissional de “jeitosos” - da tal empresa de outsourcing e dão início a uma pequena saga para instalação elementar de UM pequeno móvel com UMA portita e com a estrutura para o equipamento encastrável.

O equipamento eléctrico, mal instalado (os bicos aplicados, por exemplo, não foram os adequados para o gás utilizado...), deverá ter, um dia destes e sem possibilidade de marcação prévia, uma supervisão da empresa (outro outsourcing!) que representa a marca, em Portugal;

A pedra de cobertura que, contrariando as minhas expectativas devido a um português muito traiçoeiro, não estava considerada no orçamento, deve ser pedida à parte, a uma quarta empresa de outsourcing sugerida pela primeira e o respectivo orçamento revela-se uma espectacular exorbitância - quase tanto pela pedra como por todo o demais equipamento. Contacto um fornecedor das minhas relações e obtenho, para o mesmo tipo de pedra, um preço QUATRO vezes inferior!

Remate final: para instalar uma simples placa e um forno encastráveis através de uma das mais conceituadas (e caras) empresas nacionais especializadas no ramo, depois de ter liquidado imediatamente 40% do valor orçamentado, já decorreram três meses, já enriqueci as minhas relações com oito caras novas e, pelo ritmo da coisa e numa perspectiva optimista, tenho para mais um mesito e meio!...

Neste momento a minha cozinha está inoperacional e tudo foge às responsabilidades como o diabo da cruz!

Não, não estou a falar da administração pública, sempre o bombo da festa neste tipo de abordagens. Estou a falar de uma empresa privada, com pergaminhos no mercado!

Nem me atrevo a referir todo o conjunto de problemas de carácter familiar ou doméstico que tal palhaçada provoca. Do mesmo modo, as chamadas telefónicas são incontabilizáveis... Mas o reflexo da mesma palhaçada quer no preço final, como nos custos para o país, interessará a alguém contabilizar?

Como é um encanto o outsourcing em Portugal!

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 01:25


novembro 24, 2004

De vez em quando... 25 de Abril sempre!

No próximo dia 25 de Novembro (amanhã, portanto) na Associação 25 de Abril, à Rua da Misericórdia, 95, em Lisboa, lá pelas 20h00, há jantar evocativo do 25 de Abril de 1974...
Se trouxeres um cravo na mão e um poema no olhar, à lapela a confiança no futuro e no rosto um sorriso contra a adversidade, estou convencido que, mesmo não sendo associado, ninguém te impedirá a entrada.
Queres vir?...

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 02:23


novembro 22, 2004

Ainda a propósito de gestores e de porteiros...

A bem de salutar convívio democrático e de troca sempre arejada de ideias, reproduzo aqui um despique que se vem mantendo lá mais para baixo, a propósito de gestores e de porteiros.


Ao meu artigo/desabafo sobre porteiros e gestores, Rucinha diz:


“Ora eu gostava de saber uma coisa. Será que Orca se fica com o salário mínimo e destribui o resto por si pelo pessoal que no seu trabalho é contratado, por forma a que todos fiquem com o dito minimo e mais uns centimos que dão para a bica? Ou será que Orca é o dito porteiro?”

rucinha 11.21.04 - 12:04 am #


OrCa – algo agastado, confesso – returque:


Oh, Rucinha, filha, que coisa pobre de ser dita... (E, já agora, como te contacto, pureza, que vens a um lugar público e não te publicitas?).

Sabes, tenho uma má notícia para te dar: distribuo, sim, TUDO o que recebo - não que isso seja de teu cuidado, claro - mas distribuo, sim, o que é uma chatice para quem vem com demagogias baratas. E agora?...

Não queres, antes, comentar o artigo? Falar das suas verdades e das suas mentiras? Preferes tornear a "coisa" tentando descobrir-me telhados de vidro? Não venhas por esse caminho, que vais perder tempo.

Uma coisa te garanto: ao passares pelo meu local de trabalho, terás de te identificar como os demais, caso contrário, não entras. É assim que cumpre a sua função o porteiro que se preza.

Saudações cordiais.

OrCa Email Homepage 11.21.04 - 12:56 pm #


Rucinha não se fica e, muito legitimamente, esclarece e opina:


Ora bem, Senhor Porteiro, aqui tem minha identificação. Não sou menina, para tristeza sua ! Sou cavalheiro. Meu nome é Rudolph Ghills Cabacinha Bonnenfant, Nasci em Portugal, no Estoril, no dia 2 de Fevereiro de 1952, filho de pai Canadiano e de mãe portuguesa - Alentejana.

Sou um daqueles que você não gosta, ou seja, Licenciado, Mestre ( como se diz aí pelo país) e PHD - Professor Doctor em Filosofia e Letras. Além de leccionar por algumas Universidades do hemisfério Sul, também sou Gestor.

Uma das minhas, muitas, especialidades é em praticas cooperativas - algo que Portugal deixou cair, pese embora o sacrifício do vosso filósofo António Sérgio. Sim, em Portugal também há filósofos, e dos bons! Pena é que só cá fora sejam conhecidos e reconhecidos. Pois, segundo sei, raros são os portugueses que vão à livraria comprar obras de filósofos.

Preferem a filosofia empírica de sua cabeça em vez de se documentarem, primeiro, no muito que há para ler e aprender. Lendo todo o Weber, Nietzsche, Marx, Engels, Meschonic, Saint Simon, Touraine, Charles Taylor, Tajfel, Vienney, Wortman, R.W. Wite, etc.,- já para não falar no Cristo Histórico- decerto Orca teria entendido melhor meu comentário e não teria ficado tão aflito receando ter deste lado do mundo alguém procurando encontrar seu telhado de vidro!

Mas, todos temos! Faz parte da Condição Humana como já dizia Malraux e Hannah Arendt!

Um Abraço!

Ps- Já agora, seria éticamente correcto não misturar o ABC dos miúdos com a Fundasão! Não chega dizer que o site é para maiores. Isso só atiça a curiosidade dos pré-adolescentes e eles ainda têm tempo para aprender as coisas da vida na idade e na hora certa!


Verifiquei que me esquecera de acrescentar algo mais: comecei por ler seu blog porque achei graça à «bica no Narciso». Também passei por lá boas e inolvidáveis horas, tal como na praia da Torre e nas Avencas. Belos Tempos! Agora, apenas a recordação e muitas cãs a branquearem a cabeleira! Quando não há muitos relatórios a fazer em Powerpoint e agenda de compromissos- não ministeriais - deixa, sempre passo uma semaninha ou duas aí por esse solo matando saudades do Sol, com a mulher e meus três rebentos (18,11 e 6 anos respectivamente).

Penso que nada mais há a indicar ao porteiro!

rucinha Email 11.22.04 - 5:31 pm #


Ao que o OrCa espadana:


Não se me dá de alimentar polémicas porventura imbecis para quem, por eventual desidério divino ou mais prosaica sapiência académica, tanto opina e com tanta certeza em si mesmo.

Desde logo, em tropeção quiçá platónico, perturba-me que V. Exª. presuma que eu tenha algo contra as licenciaturas. Foi raciocínio destemperado. Alguns dos meus melhores amigos são-no... Não acha incrível?

Em sobressalto censório, pasmo que alguém com tal erudição e manifesta largueza de vistas se perturbe com a ideia de que alguém seja capaz de admirar e recomendar - a dois tempos - o ABC dos Miúdos e A Funda São...Sabe, ecletismos de espíritos mal formados...

Na verdade, o tempo passado na portaria não me deixa muito espaço para aprofundar matérias. Nisso, aliás, é que me sinto próximo do tal gestor que, de tão afadigado, pouco tempo lhe resta ou espaço para aprofundar o que quer que seja.

Bom, mas como não presumo que a nossa interessante polémica faça o mundo rodar ao contrário e porque não estou minimamente preocupado com as suas leituras, ao mesmo tempo que não lhe reconheço qualquer veleidade de opinar sobre as minhas, ressaltando apenas et en passant, que 1952 também é o meu ano, sempre gostaria de o esclarecer de uma coisa que me parece óbvia e que o meu amigo - se me permitir a ousadia - obstinadamente ultrapassa e desconsidera do artiguelho em apreço: o "nosso" gestor é portuga, está sediado em território nacional, foi feito a correr ou a martelo e por mil razões menos a do seu conhecimento da arte de gerir. E fundamentalmente por isso, temos o Portugal que temos.

Talvez que na bica do Narciso encontremos a remissão das nossas (mútuas) agonias...

Cordiais saudações

OrCa Email Homepage 11.22.04 - 10:45 pm #


Talvez se verifiquem desenvolvimentos ou talvez não...

Entretanto, certo é que ele há gestores e ele há porteiros.

Não menos certo é estar Portugal num nó górdio da sua História.

Comento apenas, à vol d'oiseau, que há uma e só uma coisa que me fere neste salutar confronto: é o facto de o meu interlocutor se permitir imaginar-me triste ao saber que Rucinha não é menina, mas sim menino e, ainda por cima, sénior.

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:05


novembro 20, 2004

A Fun'Danço

Ontem, dia 19 de Novembro, teve lugar, na Mealhada (Restaurante Simões dos Leitões), mais um saudável encontro de gente dos blogs, promovido pela São Rosas, d' A Funda São, sob o signo da brejeirice. A culminar um opíparo repasto, a excelente Tuna Meliches (leia-se tu-na-me-liches), abrilhantou a sessão com soberbo e primoroso repertório brejeiro, de fazer chorar as pedrinhas da calçada...

Também por lá deixei o meu modesto contributo:

No II Encontro d’A Funda São

Aqui estamos uma vez mais reunidos
Alguns mecos que dão corpo ao manifesto
Talvez poucos, porventura, mas unidos
Que dos outros nem reza a História, de resto...

E embora sendo poucos, somos tantos
Quantos somos e que ninguém se apoquente
Que, afinal, nós seremos tantos quantos
Os que formos a vogar nesta corrente

Ao leitão, outra vez, à cabidela
Ao vinho branco e fresco, e ao marisco
E àqueles que não alcancem a gamela
Mandaremos, por email, ar do petisco

Esta é, companheiros, a Funda São
Que só dá subsídios p’rò remanso
E fundidos, refundados - porque não?...
Nós cá estamos, p’lo Simões, no afundanço

Celebremos, pois, amigos, a amizade
Neste mundo a um passo do caótico
Onde, por nosso grande mal, mas na verdade
“Nem tudo o que nos fode é erótico!”

Vai de erguer, com fervor a nossa taça
Ao deus Baco e também à deusa Vénus
À Afrodite, a Marte e à populaça...
Nem tem jeito que o brinde seja por menos!

Pois se é certo que esta vida são dois dias
E que até um se perdeu já neste enredo
Deixemo-nos de merdas e agonias
E bebamos desta vida sem ter medo!

- Jorge Castro (OrCa)
19 de Novembro de 2004

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 10:42


novembro 17, 2004

O gestor e o porteiro, ou a pantominice dramática de dois gémeos separados à nascença

(Já sei que ninguém vai ter paciência para ler este testamento.
Mas eu também não tenho paciência para muita coisa e tenho de me aguentar!...)
CARICATURA EM UM ACTO


Um gestor obtém uma licenciatura. Geralmente, pagam-na os seus “encarregados de educação” (as aspas são de propósito) e todos nós, através dos impostos.

O porteiro, geralmente, não é licenciado. Ou porque os seus “encarregados de educação” não tiveram posses para aguentar a parte da licenciatura que lhes cabia, ou porque as circunstâncias da vida assim o determinaram ou, mais prosaicamente, porque o homem não esteve para ali virado.

Assim, enquanto o futuro gestor passa o dia a estudar, marrando sobre matérias impingidas por um ensino universalmente reconhecido como desadequado das realidades e sem serventia ou aplicação prática, e bebendo uns copos à noite, o futuro porteiro tem um biscate numa loja de centro comercial de dia e, se tiver sorte e as tais circunstâncias da vida assim o propiciarem, será ele a servir, à noite, uns copos ao futuro gestor.

Neste momento da vida, o futuro gestor, bem como o futuro porteiro, mais não serão do que dois “pesos-mortos”, socialmente falando. Estão, apenas, a “gerir expectativas”. O primeiro, porque não está, ainda, por razões óbvias, inserido na chamada actividade produtiva; o segundo, porque, atarefado de biscate em biscate, ainda não aterrou numa entidade patronal que cumpra a lei, cumprindo, assim, as obrigações sociais e integrando-o, de facto e de direito, na tal actividade produtiva, de corpo inteiro, os descontos devidos... e a bem da nação.

Concluída a licenciatura, duas ou três pós-graduações, um mestrado e, porventura, um doutoramento, tendo-se munido, também - e pormenor não despiciendo - de um qualquer cartão de uma qualquer confraria mais ou menos clandestina (cartão esse devidamente repercutido num outro cartão partidário, preferencialmente da área do “centro”, mas com eventual flexibilidade para se chegar a uma franja), o futuro gestor é nomeado para assessorar uma qualquer empresa, de preferência daquelas em que o estado faz de conta que é dono não sendo, ou em que, de facto, é o dono, mas faz de conta que não é.

Nesta altura, o futuro porteiro, para além dos empregos acima, também já distribuiu publicações, andou nas vindimas em Espanha, foi servente na construção civil, foi talvez uma vez mais barman, fez de segurança de uma das empresas por onde anda a assessorar o futuro gestor, foi vendedor por conta própria, dedicou-se à pesca e faz, à noite, umas horas numa padaria. Actualmente e já com trinta e cinco anos, sem nunca ter descontado para a Caixa, nem ter declarado o IRS, nem pagar autárquica (pois ainda vive em casa dos pais, claro e só por isso...), decidiu empregar-se numa empresa que subaluga pessoas para funções comummente designadas como “menores ou braçais”. Encontra-se, actualmente e nesta conformidade, a desempenhar as funções de porteiro numa das empresas onde o tal assessor e futuro gestor assessora. Enquanto porteiro, o nosso homem aufere o salário mínimo e pagou um almoço aos amigos quando recebeu o primeiro recibo de vencimento com o primeiro desconto para a Segurança Social. Já fez as contas e sabe que para receber a pensão máxima, quando se reformar, terá de trabalhar até aos setenta e cinco anos, pelo menos.

Nesta altura, o nosso futuro gestor, com a mesma idade, já recebeu três viaturas topo de gama, enquanto assessor de outras tantas administrações, tem vários cartões de crédito e telemóveis, quatro seguros de saúde e tem sérias dificuldades em conseguir cumprir toda a complicada agenda de compromissos extra-laborais que a sua intensa actividade de assessor implica. Após uma recente remodelação ministerial, alguém lhe pede um exemplar detalhado do seu extensíssimo curriculum e vê-se nomeado administrador pela tutela, sem que se lhe conheça obra feita, para além da significativa redução de encargos que a sua sugestão, em relatório com apresentação em Powerpoint, de trocar o fornecimento de esferográficas por lápis originou num longínquo departamento de uma das empresas assessoradas.

Há já sete anos que o nosso porteiro é porteiro na mesma empresa. Gostaram dele, da sua prontidão e disponibilidade e por lá foi ficando. Ninguém passa por ele sem mostrar identificação e levar, em troca, uns bons-dias bem esgalhados. Já é da família. Mantém, no entanto, o seu vínculo laboral com a outra empresa que subaluga trabalho não-qualificado e continua, também, a auferir um vencimento mensal idêntico ao salário mínimo. Mantém o regime contratual a termo certo, ou a prazo, que vai dar ao mesmo, porque todos os anos há um mês em que deixa de ser porteiro e fica desempregado, mas com certeza de renovação de contrato dali a trinta dias. Mantém o biscate, à noite, na padaria. Está a pensar casar e até já anda com um andar em vista. Tem dificuldades em obter empréstimo bancário, quer pelos seus baixos rendimentos, quer por não ter emprego consistente.

Já o nosso gestor vai, nestes sete anos, no seu quinto cargo enquanto administrador. O seu curriculum já é digno da Torre do Tombo, embora não se lhe conheça obra feita ou responsabilidade assumida, até por falta de tempo para sedimentar o que quer que seja – o que não é, em qualquer caso, de sua responsabilidade. Na mais recente empresa onde tomou posse há coisa de dois meses, entregaram-lhe um prémio de produtividade simbólico de € 50.000 pelos bons resultados da mesma empresa no ano anterior, juntamente com um Jaguar de último modelo, um escritório remodelado e com tapetes persas, presumivelmente adequado à dignidade da função. Ontem mesmo, o nosso gestor soube que tinha sido reformado por uma outra empresa onde era administrador, com vencimento por inteiro e uma indemnização por ter cessado funções três horas antes de acabar o mandato, de cerca de € 500.000, conforme despacho do Conselho de Administração que ele próprio integra e onde o seu voto é determinante. Esta reforma não é incompatível com a manutenção dos demais cargos, podendo até manter, no futuro próximo, uma assessoria, talvez a “recibo verde” nessa mesma empresa, conforme se pode ler na respectiva nota interna.

Todos os dias, estes dois homens se cruzam à entrada da empresa. Nunca estes homens hão-de descruzar-se.

Perante isto, porque hão-de os vencimentos-base mensais destes dois homens ser diferentes? Somos um país realmente muito complicado...

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 19:50


novembro 15, 2004

O Fado do Iraque

A propósito de um desafio, em desgarrada de conversa, que girava em torno da brutalidade a que assistimos no Iraque, aconteceu sair isto, que acabou por cumprir uma bem intencionada função, ainda que ténue... Fica aqui uma outra utilização das palavras e o tom - mesmo não o sendo - pode adivinhar-se em dó maior.

(Experimente-se cantar ao som do Fado da Azenha, de Frederico de Brito - “Naquela Azenha Velhinha”)


Sente-se esta dor tamanha
De saber o desperdício
De um chão embebido em sangue
E os mortos já são montanha
Pavor sem fim nem início
Gritos sem voz alma exangue

Guerra de medos e enganos
Em que somos envolvidos
Quer queiramos ou quer não
E nós ditos seres humanos
Alucinados perdidos
Matamos o nosso irmão

Somos joguetes do medo
Vemos a vida às avessas
Fantoches sem dignidade
Urge mudar este enredo
Talvez juntando outras peças
De que é feita a Humanidade

O pão traz-nos a alegria
E em cada dia a promessa
De viver p’ra mais saber
Prove-se então a harmonia
De ser cada dia essa
Uma razão para viver.


- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:15


novembro 14, 2004

II Jantar/Convívio n'A Funda São - dia 19 de Novembro, na Mealhada

A bem da diversidade de culturas, contra hipocrisias desajustadas e teias de aranha cerebrais, a favor da terapia ocupacional e na certeza de um excelente convívio com excelentes pessoas, aqui se declara solenemente que o OrCa vai comparecer nesse evento que terá lugar no Restaurante Simões dos Leitões, na Mealhada, pelas 20 horas do próximo dia 19 de Novembro.

A São Rosas, excelsa anfitriã, decerto nos surpreenderá com o seu gosto requintado e arte de bem receber.

Para os interessados, bastará clicar no nome e anunciar a presença na efeméride...

Haverá (pelo menos) chamuças, odes e fraternas cumplicidades.

A organizaSão declina qualquer responsabilidade se em algum dos presentes
não se abrir um sorriso na face.



Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:21


novembro 13, 2004

De que vale...?

De que vale sermos a ilha
Descoberta
E não haver
Já mar nenhum
À nossa volta?

De que vale sermos a terra
Prometida
E não haver
Até nós
Qualquer caminho?

De que vale sermos o mar
Da tempestade
E não haver
Dentro de nós
Qualquer destino?

Há que ser ilha
E terra
E mar
Há que saber
Juntar em nós
Cada centelha do universo
Para então sermos
O ser uno e diverso
E assim sermos sempre um só
Por mil caminhos.


- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 08:50


novembro 11, 2004

Poema da liberdade

Estás tão perto de mim que te respiro
E tão longe
Ao mesmo tempo
Que te invento
Se o teu seio sinto arfante num suspiro
De repente só de ti sei pensamento

Mais que onda és o mar e a terra toda
És a Lua e o Sol
És universo
E és o pó que cada estrela lança à toa
E cadente num poema és o seu verso

És a vaga em que vogam os sentidos
A papoila rubra e quente da campina
És do meu tempo
Os combates mais sofridos
E o silêncio de que é feita a neblina

Quando enfim nada mais tiver de meu
Do que as nuas mãos e a ânsia de um olhar
Serás tudo o que terei da terra ao céu
Liberdade
De sentir e degustar.

- Jorge Castro


Hoje, pelas 03h30 da manhã, Yasser Arafat foi declarado morto.
Uma vida e uma causa. Contra tudo, tanta vez, e contra tantos. Ainda mais por isso, uma Vida.
Enoja-me a hipocrisia politicamente correcta das homenagens que, ao mesmo tempo que lhe enaltecem o exemplo, asseguram que "agora" estão criadas condições
para um entendimento entre palestinianos e israelitas.
Que paz pode ser sustentada pelo desaparecimento físico de Arafat?
Entre a cegueira da "estabilidade" pôdre e a alegria dos seus inimigos figadais,
venha o diabo que escolha...
Não virá daí nada de transcendente para o mundo,
mas quero dedicar o poema acima à memória de Yasser Arafat.

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 01:13


novembro 09, 2004

Cantiga de Avô

Olho as tuas mãos
Avô
Encordoadas e tortas e fartas de mourejar
São esses os teus caminhos de encruzilhadas revoltas?
Tens estradas e veredas
E percursos de além-mar
Calejados e trementes à solta no teu regaço
Tens um calor no abraço
E a força do teu braço tão forçado a navegar

Diz-me
Avô
A cor das nuvens dos céus que tu escolheste
Diz-me os tons do arco-íris
Para eu crescer melhor
Diz-me só como correste na praia
Atrás das gaivotas
Que voavam assustadas para além do pôr-do-Sol

Diz-me
Avô
Porque ficaste com esses olhos tão verdes
Na tua cara enrugada
Que até parece de mar
E o sorriso cansado
Olhando aquela gaivota a quem não cansa o voar

Ensina-me a navegar
Mostra-me os rios e as fontes que vêm dos altos montes
E fazem estradas no mar
Avô
Mal aprendi eu a andar
Mas que procuro os caminhos que meus passos vão criar
Ergue a mão encordoada
Faz-te a vela
A alvorada
Faz do teu braço o alvoroço
Sê tu a minha amurada
Da rota que hei-de singrar

Avô
Vem comigo navegar!

- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 01:12


novembro 07, 2004

Aguarelas de Paulo Ossião

O que é bom é para ser visto...

Quem puder passar por Palmela, passe também pela GALERIA SANTIAGO

(na Rua Serpa Pinto), até 09 de Janeiro de 2005,

para ter o prazer de olhar o azul




Capa do catálogo da exposição


Azul de água

Mar de casas

Um azul de oceano

E mulheres quase ao acaso

Profundo o rio e azul

Quase ao alcance da mão

Oceanos de Ossião

- Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 18:55


novembro 05, 2004

Hoje é dia de vaidades e de amizades, feitas cá pela comunidade

Tive, no mesmo dia, duas gratas surpresas que - devo confessar - me deram um grande gozo, não apenas porque é sempre gratificante sermos recordados, mas principalmente por terem vindo as lembranças de quem vieram...

- Uma do blog CATEDRAL (lmatta e ognid):


novembro 05, 2004
Para o OrCa, com amizade
"Olha ali o OrCa, olha!", dizia ela. "Mas tu não estás a ver? Olha ele ali em cima!", continuava. E ele, a conduzir, não podia olhar com a atenção que ela requeria. "Ai, devia tirar uma fotografia! A máquina, onde é que ela está?", perguntava ela começando a abrir o saco da dita cuja. "Porra, a m.... da máquina nunca mais abre! E o OrCa está-se a desfazer!", vociferava. "Realmente está a perder o formato", pensou ele. "A máquina não foca!!! M....!!! Pronto, já tirei uma... duas... ". E, assim, lá tirou algumas fotos à OrCa
nas nuvens, das quais escolhemos esta, por nos parecer aquela em que o estado de decomposição :) estava menos adiantado. Jorge, esperamos que gostes. Beijinho e abraço.


Publicado por ognid novembro 5, 2004 12:18 AM

- E outra do blog TADECHUVA, do amigo ZecaTelhado:

novembro 04, 2004
ESTA SEMANA RESOLVEMOS ESCOLHER:
PRÉMIOS


"TeclaD'ouro"- Vai para o "Sete Mares", do nosso "Orca" e para o magnífico artigo "Dos Caminhos da Utopia - 22-10-2004". Este companheiro está a tornar-se "um caso sério".

---

A vós vos devo, meus amigos... De uns, a carga inspiradora proporcionada pelas imagens que nos oferecem; de outro, o exemplo de cidadania.
Mas o meu ego considerou, também, adequado deixar aqui estas duas referências no meu diário de bordo, para memória futura.

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 17:37


novembro 02, 2004

Bucólica - Eram muros de pedrinhas

(Ora, então, vamos lá falar das eleições nos States...)

Lá por onde me criei
Havia montes
Fraguedos
Ribanceiras e outros medos de que falar já nem sei

Mas havia lá também
Naquele alto nordestino
Algo que o olhar menino que eu já tive e mais terei
Acorda em mim
Recorrente

Eram muros
Pedregosos
Linhas bordando caminhos em fronteira de lameiros
Muros direitos
Certeiros
E outros tortos
Matreiros
Em desenho de bordados
Que as amoras dos silvados ponteavam de vermelho

Cada muro de pedrinhas era feito pedra a pedra
Fossem de xisto ou granito
Pedras afeiçoadas uma à outra se apertavam
Sem delas se ouvir um grito
Fosse aquele o seu destino ou dos homens que as erguiam
Pedra a pedra como um hino e que as maiores amparavam
E assim os muros cresciam

Nem eram altos nem fortes os muros desses caminhos
Mas vacas e bois imensos
Cavalos
Burros
E mulas de correr de encontro aos ventos
E sei lá que mais gigantes
Ou demais abencerragens dos meus medos de menino
Dentro dos muros ficavam
Entregues à sua sorte
A retouçar na forragem

E eu seguia o meu caminho.


- Jorge Castro


(... Mas isto não tem nada a ver com as eleições!... Tem graça, que também me pareceu...)

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:42


novembro 01, 2004

Na esplanada do Narciso - Carcavelos (praia)

Caro amigo,
Empregado,
Oh, senhor, faça o favor...

Trazia-me dois cafés
Com açúcar
Mas sem dor?

Grato lhe fico
E acredite
Que neste tempo de Sol
Mas também da tanto horror
Por cá lhe empresto um palpite:

Um café com tanto mar
Nem só desperta o apetite...
Dá-nos à vida outra cor.


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 17:04


Arquivo:
janeiro 2004 fevereiro 2004 março 2004 abril 2004 maio 2004 junho 2004 julho 2004 agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 abril 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009 setembro 2009 outubro 2009 novembro 2009 dezembro 2009 janeiro 2010 fevereiro 2010 março 2010 abril 2010 maio 2010 junho 2010 julho 2010 agosto 2010 setembro 2010 outubro 2010 novembro 2010 dezembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011 março 2011 abril 2011 maio 2011 junho 2011 julho 2011 agosto 2011 setembro 2011 outubro 2011 novembro 2011 dezembro 2011 janeiro 2012 fevereiro 2012 março 2012 abril 2012 maio 2012 junho 2012 julho 2012 agosto 2012 setembro 2012 outubro 2012 novembro 2012 dezembro 2012 janeiro 2013 fevereiro 2013 março 2013 abril 2013 maio 2013 junho 2013 julho 2013 agosto 2013 setembro 2013 outubro 2013 novembro 2013 dezembro 2013 janeiro 2014 fevereiro 2014 março 2014 abril 2014 maio 2014 junho 2014 julho 2014 agosto 2014 setembro 2014 outubro 2014 novembro 2014 dezembro 2014 janeiro 2015 fevereiro 2015 março 2015 abril 2015 maio 2015 junho 2015 julho 2015 agosto 2015 setembro 2015 outubro 2015 novembro 2015 dezembro 2015 janeiro 2016 fevereiro 2016 março 2016 abril 2016 maio 2016 junho 2016 julho 2016 agosto 2016 setembro 2016 outubro 2016 novembro 2016 dezembro 2016 janeiro 2017 fevereiro 2017 março 2017 abril 2017 maio 2017 junho 2017 julho 2017 agosto 2017 setembro 2017 outubro 2017 novembro 2017

This page is powered by Blogger. Isn't yours?Weblog Commenting by HaloScan.com



noites com poemas 2


capa do livro Farândola do Solstício
Obras publicadas
por Jorge Castro

contacto: jc.orca@gmail.com

Autor em

logo Apenas

Colaborador de

logo IELT

Freezone

logo Ler Devagar


Correntes de referência:
80 Anos de Zeca
... Até ao fim do mundo!
Aventar
Encontro de Gerações (Rafael)
É sobre o Fado (João Vasco)
Conversas do Café Grilo
Espaço e Memória - Associação Cultural de Oeiras
Final Cut - o blogue de cinema da Visão
Oeiras Local
O MOSCARDO
Poema Dia
Profundezas

Correntes de proximidade:
A Funda São
Amorizade (Jacky)
A Música das Palavras (Jaime Latino Ferreira)
Anomalias (Morfeu)
Ars Integrata
Ars Litteraria
Ars Poetica 2U
As Causas da Júlia (Júlia Coutinho)
As Minhas Romãs(Paula Raposo)
Belgavista (Pessoana)
Blogimmas
Blogotinha
Bloguices
Câimbras Mentais (AnAndrade)
Carlos Peres Feio
chez maria (maria árvore)
Coisas do Gui
deevaagaar
Divulgar Oeiras Verde (Ana Patacho)
e dixit (Edite Gil)
Fotos de Dionísio Leitão
Garganta do Silêncio (Tiago Moita)
Isabel Gouveia
Itinerário (Márcia Maia)
Metamorfases
Mudança de Ventos (Márcia Maia)
Mystic's
Nau Catrineta
Notas e Comentários (José d'Encarnação)
Novelos de Silêncio (Eli)
Pedro Laranjeira
o estado das artes
Palavras como cerejas (Eduardo Martins)
Parágrafos Inacabados (Raquel Vasconcelos)
O meu sofá amarelo (Alex Gandum)
Persuacção - o blog (Paulo Moura)
Queridas Bibliotecas (José Fanha)
Raims's blog
Relógio de Pêndulo (Herético)
Risocordeluz (Risoleta)
Rui Zink versos livros
Repensando (sei lá...)
sombrasdemim (Clarinda Galante)
Tábua de Marés (Márcia Maia)
Valquírias (Francília Pinheiro)
Vida de Vidro
WebClub (Wind)

Correntes de Ver:
desenhos do dia (João Catarino)
Esboço a Vários Traços

Correntes Auspiciosas:
ABC dos Miúdos
Manifesto-me
Netescrita
Provérbios

Correntes Favoráveis
A P(h)oda das Árvores Ornamentais
Atento (Manuel Gomes)
A Paixão do Cinema
A Razão Tem Sempre Cliente
A Verdade da Mentira
Bettips
Blog do Cagalhoum
Cadeira do Poder
CoeXist (Golfinho)
Congeminações
Crónica De Uma Boa Malandra
Desabafos - Casos Reais
Diário De Um Pintelho
Editorial
Escape da vida...
Espectacológica
Eu e os outros...
Eu sei que vou te amar
Fundação ACPPD
Grilinha
Há vida em Markl
Hammer, SA
Horas Negras
Intervalos (sei lá...)
João Tilly
Lobices
Luminescências
Murcon (de JMVaz)
Nada Ao Acaso
NimbyPolis (Nilson)
O Blog do Alex
O Bosque da Robina
O Jumento
(O Vento Lá Fora)
Outsider (Annie Hall)
Prozacland
O Souselense
O Vizinho
Palavras em Férias
Pastel de Nata (Nuno)
Peciscas
Pelos olhos de Caterina
Primeira Experiência
Publicus
Puta De Vida... Ou Nem Tanto
Santa Cita
The Braganzzzza Mothers
Titas on line
Titas on line 3
Senda Doce
TheOldMan
Traduzir-se... Será Arte?
Um pouco de tudo (Claudia)
Ventosga (João Veiga)
Voz Oblíqua (Rakel)
Zero de Conduta
Zurugoa (bandido original)

Corrente de Escritas:
A Arquitectura das Palavras (Lupus Signatus)
Além de mim (Dulce)
Ana Luar
Anukis
Arde o Azul (Maat)
Ao Longe Os Barcos De Flores (Amélia Pais)
Babushka (Friedrich)
baby lónia
Branco e Preto II (Amita)
Biscates (Circe)
blue shell
Cartas Perdidas (Alexandre Sousa)
Chez Maria (Maria Árvore)
Claque Quente
2 Dedos de Prosa e Poesia
Escarpado (Eagle)
Erotismo na Cidade
Fôlego de um homem (Fernando Tavares)
Há mais marés
Humores (Daniel Aladiah)
Insónia (Henrique Fialho)
Klepsidra (Augusto Dias)
Letras por Letras
Lua de Lobos
Lus@arte (Luí­sa)
Mandalas Poemas
Menina Marota
Novos Voos (Yardbird)
O Eco Das Palavras (Paula Raposo)
Porosidade Etérea (Inês Ramos)
O Sí­tio Do Poema (Licínia Quitério)
Odisseus
Paixão pelo Mar (Sailor Girl)
Palavras de Ursa (Margarida V.)
Palavrejando (M.P.)
Poemas E Estórias De Querer Sonhar
Poesia Portuguesa
Poetizar3 (Alexandre Beanes)
Serena Lua (Aziluth)
Sombrasdemim (Maria Clarinda)
Sopa de Nabos (Firmino Mendes)
T. 4 You (Afrodite)
Uma Cigarra Na Paisagem (Gisela Cañamero)
Xanax (Susanagar)

A Poesia Nos Blogs - equipagem:
A luz do voo (Maria do Céu Costa)
A Páginas Tantas (Raquel)
ante & post
As Causas da Júlia
Cí­rculo de Poesia
Confessionário do Dilbert
Desfolhada (Betty)
Estranhos Dias e Corpo do Delito (TMara)
Extranumerário (GNM)
Fantasias (Teresa David)
Fata Morgana... ou o claro obscuro
Jorge Moreira
MisteriousSpirit (Sofia)
Passionatta (Sandra Feliciano)
Peças soltas de um puzzle
Poemas de Trazer por Casa e Outras Estórias - Parte III
Poesia Viva (Isabel e José António)
Poeta Salutor (J.T. Parreira)
Que bem cheira a maresia (Mar Revolto-Lina)
Sais Minerais (Alexandre)
Silver Soul
Sombra do Deserto (Rui)

Navegações com olhos de ver:
Em linha recta (lmatta)
Fotoescrita
gang00's PhotoBlog
Nitrogénio
Objectiva 3
Pontos-de-Vista
Rain-Maker
O blog da Pimentinha (M.P.)
Passo a Passo
Portfólio Fotográfico (Lia)
Words (Wind)

Já navegámos juntos...
Aliciante (Mad)
A Rádio em Portugal (Jorge G. Silva)
Atalhos e Atilhos
Cu bem bom
Encandescente
Geosapiens
Incomensurável
Isso Agora...
Letras com Garfos (Orlando)
Luz & Sombra
Pandora's Box
Pés Quentinhos
Praça da República em Beja (nikonman)
SirHaiva
Testar a vida
Tuna Meliches

Correntes de Consulta:
Abrupto
A Lâmpada Mágica
Aviz
Blogopédia...
Bloguítica
Contra a Corrente
Contra a Corrente
Conversas de Merda
Cravo e Canela
Do Portugal Profundo
Inépcia
Médico explica medicina a intelectuais
Oficina das Ideias
Portugal No Seu Pior
Professorices
República Digital
Retórica e Persuasão
Ser Português (Ter Que)
You've Got Mail

Correntes interrompidas:
A Nau Catrineta (zecadanau)
Aroma de Mulher (Analluar)
A Voz do Fado!
blog d'apontamentos (Luí­s Ene)
Catedral (ognid)
Cidadão do Mundo
Conversas de Xaxa 2
CORART - Associação de Artesanato de Coruche
Cumplicidades (Maria Branco)
Flecha
Fraternidades (Fernando B.)
Ilha dos Mutuns(Batista Filho)
Histórias do mundo (Clara e Miguel)
Lazuli (Fernanda Guadalupe)
luz.de.tecto (o5elemento)
Letras ao Acaso
Madrigal - blog de poesia
Mulher dos 50 aos 60 (Lique)
O Mirmidão
O soldadinho de chumbo
Palavras de Algodão (Cris)
podiamsermais (Carlos Feio)
Poemas de Manuel Filipe
Porquinho da Índia (Bertus)
Um Conto à Quinta
Xis Temas (António San)

noites com poemas